E ela se pergunta: - O que será de mim?

E ela chorou, chorou feito uma criança com cólicas, desaguou um mar de lágrimas, sente o mundo desabando de uma só vez sobre ela, como uma represa pronta pra jorrar, ao seu redor tudo se resume em tristeza e solidão. Ela é uma fonte de mágoa e dor, se autoflagela com essa depressão excessiva e uma febre de 40 graus te consome. Não sei se por sua própria culpa, ela só queria uma chance de ser feliz, mas um ser sem alma, sem coração e sem sentimentos não permitiu que isso acontecesse, levou-a consigo. Hoje é julgada por ter deixado isso ocorrer, não foi por mal, ela só estava verdadeiramente encantada com aquele ser, queria poder provar de todas as formas o quanto o queria ao seu lado, o quanto o amava, não importava o que estava por vir, poderiam enfrentar juntos, eram somente essas as suas exigências. É uma história longa e complicada para ser explicada em algumas palavras, para ser entendida num simples desabafo, ela queria que fosse dessa forma, mas as pessoas não conseguem compreender os porquês de suas atitudes, o que torna tudo bem mais difícil. Ela não consegue se ver livre do sentimento, da dor, parece que toda vez que as coisas estão calmas, a vida vem como um tsunami trazendo toda a água a tona e destruindo tudo o que há pela frente. Ela sabia que mergulhava num poço profundo e escuro, mas só foi capaz de clarear superficialmente, quis agir pela emoção, quis construir sua felicidade, mas a decepção tomou conta de si, ficou totalmente destruída, arrasada, sem rumo, sem vida. Ela tem medo do que vem por aí, sente-se lamentável, não vendo mais razão alguma pela continuidade da sua existência física, porque a mental e a sentimental já estão mortas há muito tempo. E ela se pergunta – O que será de mim?

(Agda Muniz)